A conexão entre sabedoria, força interior e crescimento pessoal
Excesso de confiança
Quando
me lembro de minha infância, quase consigo ouvir minha querida mãe me dizendo: “Odeio
gente exibida!”. Talvez, uma das mais marcantes características das pessoas
portadoras de TDAH, como eu tive, é que não percebem quando estão passando do ponto.
Mesmo não achando que eu era exibido, fui entender que minha expansividade
criava desconfortos nas pessoas e isso veio a me colocar em dúvida se isso era mesmo um defeito meu.
Normalmente, o excesso de confiança se dá nos momentos mais positivos, de
crescimento, quando sentimos que estamos evoluindo em alguma instância da vida,
seja profissional, familiar, individual ou coletiva. Mas, não devemos nos
deslumbrar com os sucessos pois isto pode nos trazer consequências quando, por
exemplo, passamos a acreditar que os sucessos de devem somente a nós, nos
esquecendo de que ninguém atinge ótimos resultados sozinho e que tudo acontece somente
se estiver dentro do Grande Plano de Deus, Autor de nossos destinos, que jamais
vamos adivinhar.
O oposto do excesso de confiança é o retraimento
Se por
um lado o excesso de confiança é algo temerário e precisa de ações corretivas,
o retraimento igualmente precisa de atenção. Ao vivenciar os dois lados, posso
afirmar que o retraimento pode reduzir a confiança a quase zero, caso o
deixemos nos dominar. Mas, é um tipo de primeiro sinal de reconhecimento de
nossa falibilidade humana, de um entendimento de nossa própria falta de
conhecimentos e maturidade. Isso é algo saudável, pois quando passamos a
perceber que não somos autossuficientes em certos contextos, estamos abertos
para refletir e aprender com a sabedoria.
Entendendo a timidez e o retraimento
O retraimento
pode se somar a um sentimento de insegurança genuíno, ou ao recrudescimento de
uma timidez natural, junto a outras pessoas. A timidez é uma característica da personalidade
de cada um, porém o retraimento é algo associado a um fator externo e pode
causar uma limitação, a qual talvez necessite de alguns esclarecimentos:
a) O
fato de termos nascido neste mundo já é uma autoexposição involuntária e por
isso não podemos perder tempo nos escondendo da vida;
b) O
mundo muitas vezes é intimidador, mas sermos nós mesmos é a melhor forma de enfrentar o retraimento;
c) O excesso
de confiança é tão prejudicial quanto excesso de desconfiança;
d) A
timidez é desfeita com a confiança e o retraimento é gerado pela desconfiança;
e) Pessoas
tímidas apenas demoram mais para mostrar sua beleza interior;
A sucessão de altos e baixos da vida
Uma
coisa que gosto de pensar é que o fato de ter nascido em uma família, cuja história
está marcada pelo esforço pela sobrevivência, tenha sido exatamente o destino
de vida mais adequado para meu desenvolvimento como pessoa e que me tenha dado um
reforço no sentido da humildade que, com certeza, eu não teria se tivesse
nascido em um berço mais abastado financeiramente. Graças a Deus nunca passei
fome, mas não tinha os mesmos recursos das gerações de hoje.
As
tramas do destino de nossas vidas nos reservam lições onde começamos a entender
alguns porquês, algumas revelações de causa e efeito que nos são únicas e que
vão sendo lindamente reveladas no grande tecido da vida. Algo que provavelmente
influencia a maioria das pessoas são as oscilações entre prosperidade e
adversidades e, não importa a natureza da crise. Posso testemunhar que estas
passagens de vida tem um significado profundo e uma aprendizagem valiosa, que
pode nos despertar para uma importante visão filosófica sobre a vida.
Quando
surge uma sequência de adversidades que limitam nosso sucesso e não sabemos
lidar com estas oscilações, pode ocorrer de invertermos totalmente as atitudes,
de uma alta confiança para uma atitude retraída, que nos coloca em dúvida sobre
nossas próprias capacidades. Não é incomum que também surja um sentimento
irracional de culpa pela alta confiança antes depositada, de forma tão
descuidada.
Entretanto,
não tentar mais nada e anular-se como pessoa não nos ajuda em nada e isso é um tipo
de autossabotagem. A maior demonstração de gratidão por nossas vidas é o nosso
reconhecimento de que existe uma Força Maior, que rege a todos nós e que
nossas jornadas sempre estão abertas para novos horizontes, desde que possamos confiar
nos desígnios do destino, sem medo. Neste contexto encontraremos algo que está
em sintonia com o Grande Plano Divino e que nos permite alcançar a Sabedoria, através da humildade.
A humildade não significa falta de coragem
Se
observarmos as pessoas mais experientes, iremos notar que elas não se permitem
levar pelas oscilações das adversidades, em um nível emocional prejudicial à
sua autoestima. Assim, reconhecem que existem leis naturais da vida e forças
que são incontroláveis, o que as lembram que não sabem tudo.
Por
outro lado, adquirem resiliência para prosseguir em frente, conquistando passo
a passo, cada degrau de seu crescimento, no sentido humano. Neste contexto,
humildade não significa subserviência nem falsa modéstia, mas sim capacidade
para aprender constantemente, com ponderação e discrição.
Pessoas fortes não precisam se exibir, nem demonstrar força. A humildade é sua maior
demonstração disso.
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