Uma reflexão sobre o pensamento crítico
O que seria ser crítico
Quando
assistimos um lance de futebol uma semana depois do jogo, muitos fazem críticas
ao jogador que deveria ter feito isto ou aquilo. A resposta do jogador seria
mais ou menos assim: se eu tivesse uma semana para pensar, talvez não tivesse
feito o que fiz. Façamos um questionamento sincero: Será que isto é ser
crítico?
Primeiro,
não estar no lugar e no tempo de outra pessoa já nos desabilita a achar que
faria alguma coisa melhor que a outra. Por outro lado, muitos deixam de fazer algo
temendo justamente a crítica dos outros, dando mais importância ao que os
outros pensam do que aquilo que é intrínseco dela mesma.
A
crítica é um trabalho intelectual que nos possibilita formar uma opinião, elevar o
pensamento para um entendimento mais assertivo da realidade e fazer as escolhas
mais apropriadas possível, que nos tragam aprendizagem significativa.
A necessidade do estudo crítico e do conhecimento em nossas vidas
Até
mesmo o pensamento científico, dito como neutro, está sob a influência de nossa
subjetividade. Sempre teremos nosso componente individual, nossa perspectiva de
interpretação e, mais importante, intencionalidades subjetivas. A ética
profissional, basicamente, é uma área que nos orienta a manter valores
fundamentais que preservam a dignidade e a nossa responsabilidade ao exercer
uma profissão.
Assim,
a ciência, embora caminhe metodologicamente a um conhecimento neutro, que tenta
elucidar as leis e fenômenos universais e suas consequências é um brinquedo
poderoso e até perigoso, nas mãos de quem o detém. Seria exagero dizer que nem
mesmo a ciência escapa da intenção de um sistema de valores predominantes? Provavelmente, não!
A
lâmpada que nunca queima, o carro movido a água, as energias alternativas
limpas e tantos outros avanços do conhecimento humano não deveriam ser
aplicados imediatamente? A resposta seria sim, porém, se não forem favoráveis àqueles
que ganham, com o que aí está, as limitações serão mantidas e não será validada qualquer solução contrária a um sistema que defende a qualquer custo, seus próprios
interesses, mesmo perpetuando algo que não está funcionando mais, mas que
dão lucro. Assim, o próprio conhecimento difundido deve ser analisado
criticamente. A questão é: como obter uma capacidade crítica não automatizada?
Ser crítico com o quê
Até a
crítica nos é direcionada pelas mídias, como por exemplo, a cor do cabelo da
celebridade tal, os ganhos financeiros do rico tal, o novo lançamento da
internet tal, a grande tragédia tal e a fala do político A ou B. Tantas coisas que não nos agregam nada e,
pior, nos toma os pensamentos e, pior, nosso precioso tempo.
Criticar
uma realidade que prejudica nossos jovens, por exemplo, é uma preocupação
natural e humana que deveria se sobrepor aos caprichos de uma realidade mantida
à força, num molde insustentável, e que deveria se contrapor ao discurso de
que está tudo bem. Será que estamos no rumo do bem-estar e do pleno crescimento
de todos nossos jovens?
Quando
passamos a criticar aquilo que ofende interesses de uma bolha predominante ou divulgamos pontos de vistas e deixamos
de repetir discursos retóricos, como se fôssemos papagaios, estamos exercendo
uma crítica útil e mais resolutiva, com real sentido de propósito e significado,
em acordo com nossa intencionalidade e essência humana.
O
conhecimento e a vivência servem para desenvolvermos nossa capacidade de
reflexão e tem a ver com o acesso ao conhecimento humano acumulado, o qual
traduz nossa própria trajetória como espécie neste mundo. Atrelado a isto,
existe algo que nos diferencia sobremaneira, que é a sabedoria, cuja fonte não
nos pertence, mas cujo acesso, só nos é dado pelo Criador de todas as coisas.
Como elevar nosso pensamento pela autocrítica
Em
todas as instâncias da vida, temos escolhas e opções que melhor se alinham à nossa essência. Temos coragem
para interpretar o mundo como ele realmente é? Nascemos para acreditar no certo
e errado de uma humanidade falha e claudicante?
O que trazemos
conosco ao nascer neste mundo? Provavelmente um ser curioso, que quer viver,
desenvolver e contribuir, ser útil por ser quem é, sentir as emoções humanas, participar
e desvendar o mistério de nossas jornadas. Não se trata aqui de nossos egos
construídos por nós mesmos, nem pela sociedade, mas de algo que vem junto de nós,
quando nos permitimos falar com nós mesmos e encontramos o que nos liga ao Grande
Plano, já escrito para cada um de nós.
Qualquer
fonte de conhecimento ou ajuda ou prejudica, mas um conceito de liberdade é
poder ter acesso a todo conhecimento, que nos permita buscar, pensar, explorar e
que nos ajude a avançar, a cada dia, para um pensamento elevado. Com toda a
tecnologia disponível hoje, isto independe de estarmos fisicamente livres ou
não, locados em um lugar ou não, condicionados por uma realidade momentânea ou
não. Quem pode nos impedir?
Mas, é
preciso que tenhamos clareza sobre nossas próprias capacidades e trabalharmos
arduamente para entendermos cada vez mais sobre os segredos da vida e agradecer por esta oportunidade única, concedida por Deus. Isto é, antes de tudo, precisamos encontrar nosso propósito.
Conclusão
Ninguém
pode ser impedido de pensar e ter suas intuições, conforme sua formação. Com o gradual acesso
ao conhecimento humano produzido, podemos pensar melhor e desenvolver nossa visão
crítica, com poderosos filtros que nos permitam fugir de influências externas. Cada
um de nós tem um jeito de aprender as coisas e ninguém pode negar nossa
aprendizagem, a mais completa possível. Contudo, não podemos deixar de reservar
o nosso tempo para refletir e nem abdicar de nossa capacidade e inteligência para
buscarmos elevar nossa visão de mundo e do ser humano, na sua essência.
Na
atualidade sabemos que a vivência, a experimentação e a diversidade de
atividades podem nos ajudar a nos adaptar melhor ao mundo da correria e isso é
um direito que precisa ser defendido, especialmente, por quem se dedica à
Educação das novas gerações.
Comentários
Elevemos nosso pensamento com autocrítica e conhecimento. Precisamos desenvolver críticas úteis focadas no essencial, alinhadas a uma significação maior de nossas jornadas.