Uma
reflexão sobre a raiva, o ódio e a busca pela paz interior em meio às bolhas
sociais e desafios da vida moderna.
Tendência ao radicalismo
A raiva como sentimento é algo
natural que leva as pessoas a reagirem de forma emocional e é um sinalizador
poderoso de alerta para nós e para os outros. A raiva pode se dar nos momentos em
que explodem reações instintivas, por meio de atitudes desmedidas, tanto em
nível físico como verbal. Mas, embora a raiva possa ser um mecanismo de alerta
e defesa que nasce dentro de nós, é importante considerar que a raiva pode
evoluir para o ódio e isso é um problema mais sério quando atinge uma
coletividade. O ódio pode combinar-se com a irracionalidade, gerando uma
desestabilização perigosa que se associa a sentimentos ruins como vingança,
violência, impaciência e intolerância. Entretanto, não podemos negar que os
radicalismos nascem de escolhas irracionais, nem sempre conscientes.
Agrupamentos de segurança
Por
qual motivo vivemos tanta insegurança? Estamos cada vez mais confinados em agrupamentos
sociais de convivência. Viver em bolhas de segurança nem sempre nos livra de
contradições, especialmente quando os grandes agrupamentos, em disputa entre si,
nos envolvem com regras e condutas padrão, como forma de garantir a proteção de
seus interesses e perpetuar o pensamento desse agrupamento dominante ou o que
muitos chamam de paradigma hegemônico.
A
aceleração e a corrida diária nos tornam mais pragmáticos do que gostamos de
admitir, e isso tem a ver com a simplificação do pensamento crítico sobre a
realidade. Embora isto seja prático, impede uma perspectiva mais reflexiva que
inclua nossa natureza e essência humana, que nos sinaliza as contradições da
vida, mas que ficam para uma análise posterior. Infelizmente, o mais comum é
que esta análise sempre fique para depois, pois sempre nos falta tempo. Boa
parte de nós cria um contexto, uma narrativa regida por uma lógica de
competição e disputa permanente por espaço e recursos. Isto nos obriga a
vivenciar o dilema: viver ou sobreviver?
O poder de nossa consciência
Neste contexto, a consciência
humana jamais silencia em nossos corações e para quem dá oportunidade para si
mesmo, sempre encontra um caminho que endossa o Poder
de Deus, mais apropriado para sermos quem Ele espera que nos tornemos. Não nos
é dado saber como, mas este caminho determina aquilo que cada um de nós precisa
viver nessa vida. Por isso, precisamos nos questionar: como reagimos ou somos
condicionados a agir quando passamos por trechos de nossas jornadas diante da
escuridão, das dúvidas, da ganância, da inveja e da injustiça?
Todo mundo erra e cede à raiva
em muitos momentos da vida, mas as pessoas de boa Fé não optam pelo ódio e pela
maldade. Aqueles que vivem pelo ódio não se contentam enquanto outras pessoas
não mancomunem com seus pontos de vistas, de forma a reforçar as causas do
próprio ódio. O ódio está relacionado ao egoísmo, à falta de empatia, à
dependência de aprovação, à fraqueza diante das pressões externas e às
inconformidades com a vida. Quem escolhe o mal não é uma vítima, escolhe porque
quer!
Quando se trata de radicalismos,
não podemos ser pragmáticos, mas necessitamos agir com consciência e muita reflexão, por
exemplo:
a) Sentir raiva é algo natural;
b) A raiva pode ser modulada
com temperança e compaixão;
c) Já
o ódio é usado para infligir sofrimento, dor, ferimento, morte;
d) Mentes vazias podem ser
ocupadas pelo ódio e são como portas abertas para o inimigo;
e) O pior tipo de ódio é aquele silencioso, escondido, camuflado que contamina ambientes e relações interpessoais.
Bom senso não significa ingenuidade
Não
podemos subestimar as forças do mal que percorrem os caminhos do poder terreno,
que fomentam um mundo regido pela posse e acúmulo de coisas fúteis, abrindo
espaço para a manifestação do individualismo. Este caminho tem uma intenção
claramente egoísta e que agrupa sujeitos ávidos por privilégios, bajulações e
ostentações. Mas, decorre deste fenômeno outra pergunta que não quer calar: Nascemos
dentro de bolhas, mas isto significa que por este fato, nosso fim já está pré-definido?
Viemos a este mundo apenas para seguir cartilhas e seguir padrões, contra toda
a nossa essência e vontade?
As pessoas de bom senso conseguem
acreditar que o nosso próximo não é o nosso maior inimigo e é isso o que precisamos
discernir, nos momentos de raiva! Da mesma maneira, não precisamos eliminar as
pessoas más, mas prezar pelo amor e pela paz e o bem-estar entre as pessoas. Deus
Pai é tão grandioso que nos concede o dom da compaixão, do arrependimento e da
renovação. A luta pelo bem já está vencida pois Ele é o verdadeiro Amor e Perdão!
Não ser ingênuo e agir com
sabedoria, significa podermos nos afastar de pessoas que vivem pelo ódio, dar apoio
a quem é agredido pelo ódio, conhecer pessoas do bem, cultivar o senso de
coletividade e priorizar nossa essência junto à natureza. Nós temos o poder
para expulsar o ódio de nossas mentes e talvez seja este o melhor caminho para
nossa paz interior.
Portanto, é passado o tempo
para refletirmos sobre o discurso da separação entre os seres humanos, pois as
grandes bolhas já estão no limite da irracionalidade. Esse é o sinal dos
tempos, para uma transformação mais à altura com o Grande Plano traçado pelo
Verdadeiro Autor da Vida, desde que tenhamos consciência disto!
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